Rudolf Steiner (Kraljevec, fronteira austro-húngara, 27 de Fevereiro de 1861 — Dornach, Suíça, 30 de Março de 1925).
Após terminar os seus estudos dedicou-se a partir de 1883 a editar as obras científicas de Johann Wolfgang von Goethe. Tornou-se profundo conhecedor da obra de Goethe, escrevendo inúmeras obras sobre este, dedicando-se à explicação do pensamento do autor alemão. Ao mesmo tempo escrevia sobre assuntos filosóficos.
Após um período de vivência em Berlim, Alemanha, no qual sobreviveu como escritor de uma revista literária, Steiner ininterruptamente aderiu a uma trajetória de conferencista e escritor, desenvolvendo a a Ciência Espiritual Antroposófica, ou Antroposofia. Inicialmente a expôs ligado à Sociedade Teosófica e, desligado desta, no que fundou sob o nome de Sociedade Antroposófica.
Em Dornach construíram a sede da Sociedade Antroposófica, denominada Goetheanum onde está atualmente a Escola Superior Livre de Ciência Espiritual. O primeiro Goetheanum foi destruído por um incêndio em 1922. Foi reconstruído e tem participação importante na obra de Steiner como um grande centro de contribuições para os campos do Conhecimento Humano. Steiner, entre outras obras, dedicou-se principalmente aos campos da Organização Social, Agricultura, Arquitetura, Medicina, e Pedagogia; também Farmacologia e no tratamento de crianças com a Síndrome de Down, dentro da Pedagogia Curativa.
Oferecendo alternativas além das condições materiais de soluções de todos os problemas dos quais tratou, Steiner obteve reconhecimento mundial. Em todos os continentes surgiram centros de atividades antroposóficas como desdobramentos práticos da Ciência Espiritual por ele desenvolvida.
CIÊNCIA ESPIRITUAL
Pode-se resumir a Antroposofia de Steiner como um modo de alcance de um conhecimento supra-sensível da realidade do mundo e do destino humano. Mas, o conteúdo desse resumo é complexo e remete a um estudo de extremas profundidade e disciplina, aliadas a um método de exercícios metódicos precisos, com o intuito de revelar no homem o divino que neste reside adormecido. A Antroposofia, o corpo de conceitos derivados da Ciência Espiritual, coloca o Antrophós (Homem) como participante efetivo do mundo espiritual através de seus corpos superiores, tornando assim evidente no mesmo o conceito do Theós (Deus).
A Ciência Espiritual é o meio de experiência consciente direta com o mundo espiritual, não se tratando, portanto, de uma forma de misticismo. É denominada ciência pois seus resultados podem ser verificados por qualquer um que se dispor a se preparar neste sentido por meio do trabalho interior. Trata-se, por isso, de um conhecimento exato possível de ser acessado pelo pensar, desde que ele seja desenvolvido para tal pelo trabalho diário (exercício de concentração, revisão da memória, ação pura, percepção pura, etc).
ANTROPOSOFIA
Baseada nas idéias da “ciência espiritual” de Rudolf Steiner, a antroposofia (”conhecimento do ser humano”) é uma filosofia que surgiu no contexto do movimento teosófico de Helena Blavatsky.
A Sociedade Antroposófica foi formada em 1912, depois que Steiner saiu da Sociedade Teosófica Adyar devido a divergências com sua líder, Annie Besant. Ele foi acompanhado por um grande número de membros da Seção Alemã da Sociedade Teosófica, e tornou-se o presidente deste grupo. A antroposofia difere da teosofia em seu foco prático, sua ênfase no desenvolvimento de impulsos artísticos, em ter como base teórica o esoterismo ocidental (mais do que o esoterismo hindu ou budista), e por sua visão positiva do Cristo que, contudo, ainda é bastante diferente da visão Cristã comum.
Steiner definiu a antroposofia como “um caminho de conhecimento para guiar o espiritual do ser humano ao espiritual do universo.” Afirma que as pessoas não são meramente observadoras separadas do mundo externo. De acordo com Steiner, a realidade surge somente na união do espiritual e do físico – i.e., “onde o conceito e a percepção se encontram”. O objetivo do antropósofo é tornar-se “mais humano”, ao aumentar sua consciência e deliberar sobre seus pensamentos e ações. Pode-se atingir altos níveis de consciência pela meditação e observação dos fenômenos da natureza e do próprio processo cognitivo. Steiner descreveu e desenvolveu numerosos exercícios para a obtenção da capacidade de experienciar o mundo supra-sensível.
Os antropósofos vêem os seres humanos como que constituídos de três membros inter-relacionados: o corpo, a alma e o espírito. Esta visão é completamente desenvolvida nos livros de Steiner Teosofia e A ciência oculta (compare com o gnosticismo, que tem uma visão trimembrada relativamente parecida. Contudo, para o gnosticismo, o Cristo é, fundalmentalmente, uma experiência mística, enquanto que para Steiner, a sua encarnação também foi uma realidade histórica). A base epistemológica da antroposofia está contida na obra A filosofia da liberdade, assim como em sua tese de doutoramento, Verdade e ciência. Estes e vários outros livros de Steiner anteciparam a gradual superação do idealismo cartesiano e do subjetivismo kantiano da filosofia do século XX. Assim como Edmund Husserl e Ortega y Gasset, Steiner foi profundamente influenciado pelos trabalhos de Franz Brentano, e havia lido Wilhelm Dilthey em detalhe. Por meio de seus primeiros livros, de cunho epistemológico e filosófico, Steiner tornou-se um dos primeiros filósofos europeus a superar a ruptura entre sujeito e objeto que Descartes, a física clássica, e várias forças históricas complexas gravaram na mente humana ao longo de vários séculos.
Steiner também ministrou vários ciclos de palestras para médicos, a partir dos quais surgiu um movimento de medicina antroposófica que se espalhou pelo mundo e agora inclui milhares de médicos, psicólogos e terapeutas, e que possui seus próprios hospitais e universidades médicas.
Outras vertentes práticas da antroposofia incluem: a arquitetura (Goetheanum), a agricultura biodinâmica, a educação infantil e juvenil (pedagogia Waldorf), a farmácia homeopática (Wala, Weleda, Sirimim), a filosofia (A “Filosofia da Liberdade”), a euritmia (”o movimento como verbo visível e som visível”), e os centros para ajuda de crianças especiais (Vilas Camphill).
Contudo, a antroposofia possui seus detratores. Os críticos designaram-na como um culto com similaridades em relação aos movimentos da Nova Era. Se for um culto, contudo, é um que fortemente enfatiza a liberdade individual. Ainda, alguns críticos sustentam que os antropósofos tendem a elevar as opiniões pessoais de Steiner, muitas das quais são estranhas às visões das religiões ortodoxas, da ciência e das humanidades, ao nível das verdades absolutas. Se existe alguma verdade nesta crítica, a maior parte da culpa pertence não a Steiner, mas a seus estudantes. Steiner freqüentemente estimulou seus estudantes a testarem tudo o que ele dizia, e em muitas ocasiões, até mesmo implorou a eles que não tomassem nada do que dissesse com base na fé ou autoridade.
Outra crítica afirma que alguns antropósofos parecem distanciar suas atividades públicas da possível inferência de que a antroposofia é baseada sobre elementos esotéricos religiosos, tendendo a apresentá-los ao público como uma filosofia acadêmica não-sectária. Uma dificuldade em avaliar essa crítica é que ela contém um preconceito oculto porque ignora uma questão que a antroposofia procurou levantar e responder: é possível para aquele que pensa ser tanto cientificamente quanto espiritualmente cognitivo, ao mesmo tempo? A antroposofia afirma que isso é possível. A crítica supramencionada, por outro lado, assume que não é possível, e portanto encontra uma contradição entre a afirmação de um não-sectarismo e um embasamento na experiência supra-sensível.
PEDAGOGIA WALDORF
A Pedagogia Waldorf é um dos desesenvolvimentos das teorias de Rudolf Steiner, além da medicina antroposófica e a agricultura biodinâmica.
Introduzida por Rudolf Steiner em 1919, em Stuttgart, Alemanha, uma das principais características da pedagogia é o embasamento na concepção de desenvolvimento do ser humano, criada pelo próprio Rudolf Steiner, que leva em conta as diferentes características das crianças e jovens, segundo sua idade aproximada. Um mesmo assunto é abordado várias vezes durante o ciclo escolar, mas nunca da mesma maneira, e sempre respeitando a capacidade de compreensão da criança.
Para atingir a formação do ser humano, a pedagogia atua no desenvolvimento físico, anímico e espiritual do aluno, incentivando o querer (agir) por meio da atividade corpórea das crianças em quase todas as aulas. O sentir é estimulado na constante abordagem artística e nas atividades artesanais específicas para cada idade. O pensar é cultivado paulatinamente, desde a imaginação incentivada por meio de contos, lendas e mitos – no início da escolaridade –, até o pensar abstrato rigorosamente científico do Ensino Médio (colegial).
Uma das características marcantes da Pedagogia Waldorf é o fato de não se exigir do aluno, ou cultivar precocemente o pensar abstrato (intelectual).
Almeja-se que as aulas sejam um preparo para a vida. Procura-se desenvolver as qualidades necessárias para que os jovens floresçam e saibam lidar com as constantes e velozes mudanças que se apresentam no mundo, com criatividade, flexibilidade, responsabilidade e capacidade de questionamento.
Entende-se que o jovem, cada vez mais, precisa ser articulado e capaz de se comunicar claramente, tanto se abrindo para o que os outros têm a dizer como encontrando a melhor forma para expressar seus pensamentos ao mundo. Para tanto, a Pedagogia Waldorf, segundo seus adeptos, permanece revolucionária até os dias de hoje.
AGRICULTURA BIODINÂMICA
A agricultura biodinâmica é um dos desenvolvimentos das teorias de Rudolf Steiner, junto com a medicina antroposófica e a Pedagogia Waldorf.
Rudolf Steiner (1861 – 1925), fundador da Antroposofia, colocou, durante o Congresso de Pentecostes, em 1924, a pedra fundamental do berço do Movimento Biodinâmico, em forma de um ciclo de 8 palestras para agricultores. Esse congresso teve lugar no castelo Koberwitz perto de Wroclaw/Breslau, que hoje abriga a prefeitura de Kobierzyce, Polônia.
O impulso da Agricultura Biodinâmica, sendo uno com a Antroposofia, tem como conseqüência natural à renovação do manejo agrícola, a sanação do meio ambiente e a produção de alimentos realmente condignos ao ser humano.
Esse impulso quer devolver à agricultura sua força original criadora e fomentadora cultural e social, força que ela perdeu no caminho à industrialização direcionada à monocultura e à criação em massa de animais fora do seu ambiente natural.
A Agricultura Biodinâmica quer ajudar aqueles que lidam no campo a vencer a unilateralidade materialista na concepção da natureza, para que eles possam, cada um por si mesmo, achar uma relação espiritual – ética com o solo, com as plantas e os animais e com os coirmãos humanos.
A Biodinâmica quer lembrar todos os homens que: “A Agricultura é o fundamento de toda cultura, ela tem algo haver com todos”.
O ponto central da Agricultura Biodinâmica é o Ser Humano que conclui a criação a partir de suas intenções espirituais baseadas numa verdadeira cognição da natureza.
Esse quer transformar sua fazenda ou sítio em um organismo em si concluso e maximamente diversificado; um organismo do qual a partir de si mesmo for capaz de produzir uma renovação. O sítio natural deve ser elevado a uma “espécie de individualidade agrícola”
O fundamento para tal é a integração de todos os elementos ambientais agrícolas como culturas do campo e da horta, pastos, fruticulturas e outras culturas permanentes, florestas, sebes e capões arbustivos, mananciais hídricas e várzeas etc.. Caso o organismo agrícola se ordene em volta desses elementos nasce uma fertilidade permanente e a saúde do solo, das plantas, dos animais e dos seres humanos.
A partida e a continuidade desse desenvolvimento ascendente da totalidade do organismo empresa é assegurado pelo manejo biodinâmico dos tratos culturais agrícolas e do uso de preparados apresentados pela primeira vez por Rudolf Steiner durante o Congresso de Pentecostes. Trata-se de preparados que incrementam e dinamizam a capacidade intrínseca da planta a ser produtora de nutrientes, seja por mobilização química, transmutação ou transubstanciação do mineral morto ou por harmonização e adequação na reciclagem das sobras da biomassa produzida. Preparados que simultaneamente apóiam a planta a ser transmissor, receptor e acumulador do intercâmbio da Terra com o Cosmo
Adubar na biodinâmica significa, portanto aviventar ou vivificar o solo e não fornecer nutrientes para as plantas.
A única preocupação que devemos ter é o que fazer para que isso aconteça. Nesse caso é possível abster-se de tudo que hoje em dia parece ser imprescindível. Na Agricultura Biodinâmica não se usam adubos nitrogenados minerais, pesticidas sintéticos, herbicidas e hormônios de crescimento etc. A concepção do melhoramento biodinâmico dos cultivares ou das raças esta em irrestrita oposição a tecnologia transigência. A ração para os animais é produzida no próprio sítio ou fazenda e a quantidade dos animais mantidos esta em relação com a capacidade natural da área ocupada.
O agricultor biodinâmico está empenhado a fazer somente aquilo pelo qual ele mesmo pode responsabilizar-se. a saber, o que serve ao desenvolvimento duradouro da “individualidade agrícola”. Isto inclui o cultivo e a seleção das suas próprias sementes como também a adaptação e a seleção própria de raças de animais. Além disso, significa uma orientação renovada na pesquisa, consultoria e formação profissional.
O agricultor biodinâmico aprende, dentro do processo de trabalho, ele a ser mesmo um pesquisador, aprende a participar e transmitir sua experiência a outros e formar dentro do seu estabelecimento um local de formação profissionalizante para gerações vindouras.
Uma renovação desta natureza desperta o interesse das pessoas que vivem nas cidades. Elas ligam-se com esta ou aquela fazenda ou sítio, apóiam e ajudam como podem, tornando-se fieis fregueses. Elas colaboram na formação de mercados regionais tornando-se como associados solidários mútuos. Há iniciativas novas de importância fundamental em toda parte para que a agricultura possa enfrentar com sua autonomia regional a globalização do mercado mundial. Agricultura não é somente profissão para ganhar dinheiro, mas é principalmente encargo de vida, é vocação.
Em mais de 50 países da Terra a Agricultura Biodinâmica é praticada ao serviço do cultivo do meio ambiente e alimentação saudável do ser humano. No mundo inteiro os produtos biodinâmicos são uniformemente comercializados sob a marca “DEMÉTER”. A marca DEMÉTER garante uma cultura agrícola baseada em medidas novas nos campos culturais – espirituais, políticos – legais, econômicos e ecológicos.
Para o desenvolvimento da agricultura e da cultura em geral no Brasil será de maior significação, achar personalidades suficientes que tenham a coragem e a força de iniciativa de se colocar ao serviço desta renovação da agricultura.
fonte: Wikipédia
ref.: Sociedade Antroposófica no Brasil
Após terminar os seus estudos dedicou-se a partir de 1883 a editar as obras científicas de Johann Wolfgang von Goethe. Tornou-se profundo conhecedor da obra de Goethe, escrevendo inúmeras obras sobre este, dedicando-se à explicação do pensamento do autor alemão. Ao mesmo tempo escrevia sobre assuntos filosóficos.
Após um período de vivência em Berlim, Alemanha, no qual sobreviveu como escritor de uma revista literária, Steiner ininterruptamente aderiu a uma trajetória de conferencista e escritor, desenvolvendo a a Ciência Espiritual Antroposófica, ou Antroposofia. Inicialmente a expôs ligado à Sociedade Teosófica e, desligado desta, no que fundou sob o nome de Sociedade Antroposófica.
Em Dornach construíram a sede da Sociedade Antroposófica, denominada Goetheanum onde está atualmente a Escola Superior Livre de Ciência Espiritual. O primeiro Goetheanum foi destruído por um incêndio em 1922. Foi reconstruído e tem participação importante na obra de Steiner como um grande centro de contribuições para os campos do Conhecimento Humano. Steiner, entre outras obras, dedicou-se principalmente aos campos da Organização Social, Agricultura, Arquitetura, Medicina, e Pedagogia; também Farmacologia e no tratamento de crianças com a Síndrome de Down, dentro da Pedagogia Curativa.
Oferecendo alternativas além das condições materiais de soluções de todos os problemas dos quais tratou, Steiner obteve reconhecimento mundial. Em todos os continentes surgiram centros de atividades antroposóficas como desdobramentos práticos da Ciência Espiritual por ele desenvolvida.
CIÊNCIA ESPIRITUAL
Pode-se resumir a Antroposofia de Steiner como um modo de alcance de um conhecimento supra-sensível da realidade do mundo e do destino humano. Mas, o conteúdo desse resumo é complexo e remete a um estudo de extremas profundidade e disciplina, aliadas a um método de exercícios metódicos precisos, com o intuito de revelar no homem o divino que neste reside adormecido. A Antroposofia, o corpo de conceitos derivados da Ciência Espiritual, coloca o Antrophós (Homem) como participante efetivo do mundo espiritual através de seus corpos superiores, tornando assim evidente no mesmo o conceito do Theós (Deus).
A Ciência Espiritual é o meio de experiência consciente direta com o mundo espiritual, não se tratando, portanto, de uma forma de misticismo. É denominada ciência pois seus resultados podem ser verificados por qualquer um que se dispor a se preparar neste sentido por meio do trabalho interior. Trata-se, por isso, de um conhecimento exato possível de ser acessado pelo pensar, desde que ele seja desenvolvido para tal pelo trabalho diário (exercício de concentração, revisão da memória, ação pura, percepção pura, etc).
ANTROPOSOFIA
Baseada nas idéias da “ciência espiritual” de Rudolf Steiner, a antroposofia (”conhecimento do ser humano”) é uma filosofia que surgiu no contexto do movimento teosófico de Helena Blavatsky.
A Sociedade Antroposófica foi formada em 1912, depois que Steiner saiu da Sociedade Teosófica Adyar devido a divergências com sua líder, Annie Besant. Ele foi acompanhado por um grande número de membros da Seção Alemã da Sociedade Teosófica, e tornou-se o presidente deste grupo. A antroposofia difere da teosofia em seu foco prático, sua ênfase no desenvolvimento de impulsos artísticos, em ter como base teórica o esoterismo ocidental (mais do que o esoterismo hindu ou budista), e por sua visão positiva do Cristo que, contudo, ainda é bastante diferente da visão Cristã comum.
Steiner definiu a antroposofia como “um caminho de conhecimento para guiar o espiritual do ser humano ao espiritual do universo.” Afirma que as pessoas não são meramente observadoras separadas do mundo externo. De acordo com Steiner, a realidade surge somente na união do espiritual e do físico – i.e., “onde o conceito e a percepção se encontram”. O objetivo do antropósofo é tornar-se “mais humano”, ao aumentar sua consciência e deliberar sobre seus pensamentos e ações. Pode-se atingir altos níveis de consciência pela meditação e observação dos fenômenos da natureza e do próprio processo cognitivo. Steiner descreveu e desenvolveu numerosos exercícios para a obtenção da capacidade de experienciar o mundo supra-sensível.
Os antropósofos vêem os seres humanos como que constituídos de três membros inter-relacionados: o corpo, a alma e o espírito. Esta visão é completamente desenvolvida nos livros de Steiner Teosofia e A ciência oculta (compare com o gnosticismo, que tem uma visão trimembrada relativamente parecida. Contudo, para o gnosticismo, o Cristo é, fundalmentalmente, uma experiência mística, enquanto que para Steiner, a sua encarnação também foi uma realidade histórica). A base epistemológica da antroposofia está contida na obra A filosofia da liberdade, assim como em sua tese de doutoramento, Verdade e ciência. Estes e vários outros livros de Steiner anteciparam a gradual superação do idealismo cartesiano e do subjetivismo kantiano da filosofia do século XX. Assim como Edmund Husserl e Ortega y Gasset, Steiner foi profundamente influenciado pelos trabalhos de Franz Brentano, e havia lido Wilhelm Dilthey em detalhe. Por meio de seus primeiros livros, de cunho epistemológico e filosófico, Steiner tornou-se um dos primeiros filósofos europeus a superar a ruptura entre sujeito e objeto que Descartes, a física clássica, e várias forças históricas complexas gravaram na mente humana ao longo de vários séculos.
Steiner também ministrou vários ciclos de palestras para médicos, a partir dos quais surgiu um movimento de medicina antroposófica que se espalhou pelo mundo e agora inclui milhares de médicos, psicólogos e terapeutas, e que possui seus próprios hospitais e universidades médicas.
Outras vertentes práticas da antroposofia incluem: a arquitetura (Goetheanum), a agricultura biodinâmica, a educação infantil e juvenil (pedagogia Waldorf), a farmácia homeopática (Wala, Weleda, Sirimim), a filosofia (A “Filosofia da Liberdade”), a euritmia (”o movimento como verbo visível e som visível”), e os centros para ajuda de crianças especiais (Vilas Camphill).
Contudo, a antroposofia possui seus detratores. Os críticos designaram-na como um culto com similaridades em relação aos movimentos da Nova Era. Se for um culto, contudo, é um que fortemente enfatiza a liberdade individual. Ainda, alguns críticos sustentam que os antropósofos tendem a elevar as opiniões pessoais de Steiner, muitas das quais são estranhas às visões das religiões ortodoxas, da ciência e das humanidades, ao nível das verdades absolutas. Se existe alguma verdade nesta crítica, a maior parte da culpa pertence não a Steiner, mas a seus estudantes. Steiner freqüentemente estimulou seus estudantes a testarem tudo o que ele dizia, e em muitas ocasiões, até mesmo implorou a eles que não tomassem nada do que dissesse com base na fé ou autoridade.
Outra crítica afirma que alguns antropósofos parecem distanciar suas atividades públicas da possível inferência de que a antroposofia é baseada sobre elementos esotéricos religiosos, tendendo a apresentá-los ao público como uma filosofia acadêmica não-sectária. Uma dificuldade em avaliar essa crítica é que ela contém um preconceito oculto porque ignora uma questão que a antroposofia procurou levantar e responder: é possível para aquele que pensa ser tanto cientificamente quanto espiritualmente cognitivo, ao mesmo tempo? A antroposofia afirma que isso é possível. A crítica supramencionada, por outro lado, assume que não é possível, e portanto encontra uma contradição entre a afirmação de um não-sectarismo e um embasamento na experiência supra-sensível.
PEDAGOGIA WALDORF
A Pedagogia Waldorf é um dos desesenvolvimentos das teorias de Rudolf Steiner, além da medicina antroposófica e a agricultura biodinâmica.
Introduzida por Rudolf Steiner em 1919, em Stuttgart, Alemanha, uma das principais características da pedagogia é o embasamento na concepção de desenvolvimento do ser humano, criada pelo próprio Rudolf Steiner, que leva em conta as diferentes características das crianças e jovens, segundo sua idade aproximada. Um mesmo assunto é abordado várias vezes durante o ciclo escolar, mas nunca da mesma maneira, e sempre respeitando a capacidade de compreensão da criança.
Para atingir a formação do ser humano, a pedagogia atua no desenvolvimento físico, anímico e espiritual do aluno, incentivando o querer (agir) por meio da atividade corpórea das crianças em quase todas as aulas. O sentir é estimulado na constante abordagem artística e nas atividades artesanais específicas para cada idade. O pensar é cultivado paulatinamente, desde a imaginação incentivada por meio de contos, lendas e mitos – no início da escolaridade –, até o pensar abstrato rigorosamente científico do Ensino Médio (colegial).
Uma das características marcantes da Pedagogia Waldorf é o fato de não se exigir do aluno, ou cultivar precocemente o pensar abstrato (intelectual).
Almeja-se que as aulas sejam um preparo para a vida. Procura-se desenvolver as qualidades necessárias para que os jovens floresçam e saibam lidar com as constantes e velozes mudanças que se apresentam no mundo, com criatividade, flexibilidade, responsabilidade e capacidade de questionamento.
Entende-se que o jovem, cada vez mais, precisa ser articulado e capaz de se comunicar claramente, tanto se abrindo para o que os outros têm a dizer como encontrando a melhor forma para expressar seus pensamentos ao mundo. Para tanto, a Pedagogia Waldorf, segundo seus adeptos, permanece revolucionária até os dias de hoje.
AGRICULTURA BIODINÂMICA
A agricultura biodinâmica é um dos desenvolvimentos das teorias de Rudolf Steiner, junto com a medicina antroposófica e a Pedagogia Waldorf.
Rudolf Steiner (1861 – 1925), fundador da Antroposofia, colocou, durante o Congresso de Pentecostes, em 1924, a pedra fundamental do berço do Movimento Biodinâmico, em forma de um ciclo de 8 palestras para agricultores. Esse congresso teve lugar no castelo Koberwitz perto de Wroclaw/Breslau, que hoje abriga a prefeitura de Kobierzyce, Polônia.
O impulso da Agricultura Biodinâmica, sendo uno com a Antroposofia, tem como conseqüência natural à renovação do manejo agrícola, a sanação do meio ambiente e a produção de alimentos realmente condignos ao ser humano.
Esse impulso quer devolver à agricultura sua força original criadora e fomentadora cultural e social, força que ela perdeu no caminho à industrialização direcionada à monocultura e à criação em massa de animais fora do seu ambiente natural.
A Agricultura Biodinâmica quer ajudar aqueles que lidam no campo a vencer a unilateralidade materialista na concepção da natureza, para que eles possam, cada um por si mesmo, achar uma relação espiritual – ética com o solo, com as plantas e os animais e com os coirmãos humanos.
A Biodinâmica quer lembrar todos os homens que: “A Agricultura é o fundamento de toda cultura, ela tem algo haver com todos”.
O ponto central da Agricultura Biodinâmica é o Ser Humano que conclui a criação a partir de suas intenções espirituais baseadas numa verdadeira cognição da natureza.
Esse quer transformar sua fazenda ou sítio em um organismo em si concluso e maximamente diversificado; um organismo do qual a partir de si mesmo for capaz de produzir uma renovação. O sítio natural deve ser elevado a uma “espécie de individualidade agrícola”
O fundamento para tal é a integração de todos os elementos ambientais agrícolas como culturas do campo e da horta, pastos, fruticulturas e outras culturas permanentes, florestas, sebes e capões arbustivos, mananciais hídricas e várzeas etc.. Caso o organismo agrícola se ordene em volta desses elementos nasce uma fertilidade permanente e a saúde do solo, das plantas, dos animais e dos seres humanos.
A partida e a continuidade desse desenvolvimento ascendente da totalidade do organismo empresa é assegurado pelo manejo biodinâmico dos tratos culturais agrícolas e do uso de preparados apresentados pela primeira vez por Rudolf Steiner durante o Congresso de Pentecostes. Trata-se de preparados que incrementam e dinamizam a capacidade intrínseca da planta a ser produtora de nutrientes, seja por mobilização química, transmutação ou transubstanciação do mineral morto ou por harmonização e adequação na reciclagem das sobras da biomassa produzida. Preparados que simultaneamente apóiam a planta a ser transmissor, receptor e acumulador do intercâmbio da Terra com o Cosmo
Adubar na biodinâmica significa, portanto aviventar ou vivificar o solo e não fornecer nutrientes para as plantas.
A única preocupação que devemos ter é o que fazer para que isso aconteça. Nesse caso é possível abster-se de tudo que hoje em dia parece ser imprescindível. Na Agricultura Biodinâmica não se usam adubos nitrogenados minerais, pesticidas sintéticos, herbicidas e hormônios de crescimento etc. A concepção do melhoramento biodinâmico dos cultivares ou das raças esta em irrestrita oposição a tecnologia transigência. A ração para os animais é produzida no próprio sítio ou fazenda e a quantidade dos animais mantidos esta em relação com a capacidade natural da área ocupada.
O agricultor biodinâmico está empenhado a fazer somente aquilo pelo qual ele mesmo pode responsabilizar-se. a saber, o que serve ao desenvolvimento duradouro da “individualidade agrícola”. Isto inclui o cultivo e a seleção das suas próprias sementes como também a adaptação e a seleção própria de raças de animais. Além disso, significa uma orientação renovada na pesquisa, consultoria e formação profissional.
O agricultor biodinâmico aprende, dentro do processo de trabalho, ele a ser mesmo um pesquisador, aprende a participar e transmitir sua experiência a outros e formar dentro do seu estabelecimento um local de formação profissionalizante para gerações vindouras.
Uma renovação desta natureza desperta o interesse das pessoas que vivem nas cidades. Elas ligam-se com esta ou aquela fazenda ou sítio, apóiam e ajudam como podem, tornando-se fieis fregueses. Elas colaboram na formação de mercados regionais tornando-se como associados solidários mútuos. Há iniciativas novas de importância fundamental em toda parte para que a agricultura possa enfrentar com sua autonomia regional a globalização do mercado mundial. Agricultura não é somente profissão para ganhar dinheiro, mas é principalmente encargo de vida, é vocação.
Em mais de 50 países da Terra a Agricultura Biodinâmica é praticada ao serviço do cultivo do meio ambiente e alimentação saudável do ser humano. No mundo inteiro os produtos biodinâmicos são uniformemente comercializados sob a marca “DEMÉTER”. A marca DEMÉTER garante uma cultura agrícola baseada em medidas novas nos campos culturais – espirituais, políticos – legais, econômicos e ecológicos.
Para o desenvolvimento da agricultura e da cultura em geral no Brasil será de maior significação, achar personalidades suficientes que tenham a coragem e a força de iniciativa de se colocar ao serviço desta renovação da agricultura.
fonte: Wikipédia
ref.: Sociedade Antroposófica no Brasil
Nenhum comentário:
Postar um comentário